sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O psicólogo no tratamento dos Transtornos de Aprendizagem

Qual é a primeira coisa que vem à sua cabeça quando é mencionada a palavra “Psicólogo”?

Creio que para muitos de nós a primeira imagem é da clínica, das psicoterapias, mesmo que não saibamos diferenciá-las quanto à abordagem e suas origens. Quando ingressei na Universidade, a imagem principal era a da psicoterapia, mesmo que psicólogas estivessem em constante contato com os alunos em meu colégio.
A psicologia, como dito anteriormente no post elaborado pela Jessye, é plural, possuindo diferenciações teórico-metodológicas até mesmo entre as psicoterapias. A pluralidade encontra-se também em nossa prática profissional. Estamos inseridos em escolas, empresas, hospitais, organizações governamentais e não-governamentais, no meio jurídico – incluindo tribunais e até mesmo instituições prisionais – e outros tantos lugares mais, exercendo diversas psicologias. Algumas vezes, nem mesmo nós sabemos ao certo como é a prática de um colega psicólogo.

Esta dúvida parece ser uma constante, por exemplo, em relação ao papel do psicólogo no tratamento dos transtornos de aprendizagem. O DSM-IV reserva uma seção apenas para os Transtornos de Aprendizagem, englobando: Transtorno da Leitura, mais comumente conhecido como dislexia, Transtorno da Matemática, Transtorno da Expressão Escrita e Transtorno da Aprendizagem Sem Outra Especificação. No CID-10, os transtornos de aprendizagem aparecem dentro da seção “Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares”. Embora estes instrumentos possuam algumas diferenças entre si, ambos consideram os aspectos de idade, escolaridade e inteligência para o diagnóstico do transtorno.

É importante saber que um transtorno de aprendizagem não traz a incapacidade de aprender, ele é caracterizado pelo maior tempo levado, em relação às crianças de desenvolvimento típico, para superar cada obstáculo presente nesta caminhada rumo à aprendizagem, e o maior esforço cognitivo que o aprendiz precisa fazer para aprender os conteúdos. O encaminhamento para tratamento de uma criança que apresenta dificuldades normalmente é feito pela discrepância entre a esta e as demais crianças de sua classe escolar. 

A prática do psicólogo que trabalha com dificuldades no aprendizado da leitura e da escrita baseia-se, principalmente, nos interesses pessoais do aprendiz, no conhecimento prévio da criança e nas estratégias mentais utilizadas para aprender. O lúdico está sempre presente na clínica das dificuldades de aprendizagem, principalmente para a diferenciação entre as atividades realizadas na intervenção e as atividades escolares. Com isto, objetivamos minimizar o sofrimento causado pelo fracasso escolar, possibilitando à criança o aumento da sua auto-estima e, principalmente, levá-la à superação dessa dificuldade ou, ainda, a desenvolver estratégias de lidar com ela.